As Cine-Vivências consistem em práticas terapêuticas que buscam se utilizar de um filme como disparador de tomada de consciência (ou awareness, na expressão utilizada em Gestalt-terapia) em cada indivíduo do público espectador.

As tradicionais “rodas de conversa” ou “cine-debates” têm, historicamente, um interessante efeito reflexivo e conceitual. Objetivam colocar nosso cérebro para funcionar no entendimento das narrativas e na busca por ideais e conceitos que influenciem nossas futuras expressões sociais. São fundamentais para ampliar o impacto social de uma obra audiovisual e tendem a ajudar nas argumentações em bares ou redes sociais.

Mas as polarizações estão tornando os debates cada vez mais histéricos e, portanto, estéreis, quando orquestrados pelos valores dessa ou daquela bolha social.

Ao compreender esse desafio e perceber que muitas etapas da tomada de consciência estão sendo queimadas quando ficamos apenas nas análises discursivas, nós resolvemos desenvolver a “Cine-Vivência”.

É uma aposta que também se vale de um filme como gatilho da dinâmica, mas se pretende mais integral, vivencial, corporal e terapêutico ao indivíduo, já que o intuito não é “entender o filme”, nem criar bons discursos, análises ou ideais de pessoas conscientizadas, mas sobretudo jogar consciência dos impactos que determinada expressão artística provoca no corpo, nas emoções e na inteligência de cada espectador.

De novo, optamos por silenciar o “falar sobre” e o “pensar sobre”, dando mais espaço ao “sentir sobre”.

A partir desse tipo de tomada de consciência é possível compreender como, enquanto indivíduos, atuamos relacionalmente. E, depois disso tudo, podemos expressar discursos mais honestos – e não a partir do bla bla bla mental – com a nossa própria biografia e verdade interior.

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